O Alentejo está de luto. Hélder Rosado, natural de Pardais, Vila Viçosa, partiu de forma trágica no passado domingo, dia 2 de novembro, deixando uma aldeia inteira em choque. O homem que sobrevoou os céus como paraquedista do Corpo de Tropas Paraquedistas e que, mais tarde, cruzava fronteiras ao volante de um camião, viu o destino pregar-lhe uma armadilha cruel… numa estrada que conhecia como a palma da mão.
Segundo relatos, Hélder seguia numa rota internacional de transporte de mercadorias, conduzindo o seu pesado por uma estrada isolada em Espanha, quando decidiu parar num pequeno café à beira da estrada para beber um café e ligar à família. “Falou com as filhas e disse que voltava dentro de dois dias”, contou um colega de trabalho. “Parecia cansado, mas feliz.”
Pouco depois, já de regresso à cabine do camião, algo aconteceu. Testemunhas dizem ter ouvido um estrondo e visto o veículo sair da via a alta velocidade, embatendo contra uma ravina e incendiando-se quase de imediato. As chamas foram visíveis a vários quilómetros de distância. Quando os bombeiros chegaram, já nada havia a fazer.
O choque foi total. O antigo “boina verde” — símbolo de bravura e resistência — tinha caído na sua última missão, aos 44 anos, a pouco mais de um mês de completar 45… precisamente no dia de Natal, o dia que tanto adorava.
Nas redes sociais, a onda de comoção não parou de crescer. Centenas de mensagens de antigos camaradas e amigos inundaram os grupos da região. “O Hélder nunca dizia que não a ninguém. Era o primeiro a chegar e o último a ir embora. Um verdadeiro irmão de armas”, escreveu um ex-colega paraquedista.
Amante de tauromaquia e passeios todo-o-terreno, membro da Confraria da Laranja e figura central da Liga dos Amigos de Pardais, Hélder era conhecido pelo sorriso largo e pela forma como “transformava qualquer encontro num convívio”.
Fontes próximas da família revelam que a esposa recebeu a notícia por telefone, através da empresa para a qual Hélder trabalhava, e que as duas filhas — ambas menores — ficaram inconsoláveis. “Ele prometeu que estaria em casa para o aniversário da mais nova”, disse um amigo entre lágrimas.
O funeral deverá realizar-se nos próximos dias em Pardais, onde se espera uma homenagem com honras militares e a presença de colegas paraquedistas que farão o tradicional toque final em sua memória.
Um homem de coragem, um coração de ouro, e um destino que se apagou demasiado cedo.
O Alentejo despede-se do seu herói — o homem que viveu com asas… e partiu na sua última viagem pelas estradas do mundo.
